Como fundadora do Enjoei, poderia compartilhar um pouco sobre sua jornada empreendedora e os desafios que enfrentou ao estabelecer a plataforma?
O Enjoei foi fundado em 2009. A ideia surgiu da necessidade de criar uma plataforma onde as pessoas pudessem vender produtos usados de forma fácil e segura, promovendo a economia circular e sustentável. Tudo começou como um blog, mas identificamos a oportunidade de negócio e decidimos investir. Minha experiência em grandes varejistas na época em que o comércio eletrônico dava seus primeiros passos foi um ponto positivo para começar com o empreendimento. Apesar de inicialmente ser um blog, a nossa ideia sempre foi desenvolver o Enjoei para virar uma grande empresa. E os desafios foram diversos, em especial por ser uma mulher trabalhando no ramo de tecnologia, que é majoritariamente masculino. Hoje nós não somos apenas uma referência como a maior plataforma de itens de segunda mão do Brasil, mas também oferecemos uma oportunidade de renda extra para mais de um milhão de vendedores.
Você poderia compartilhar suas reflexões sobre o impacto do Enjoei na mudança de hábitos de consumo, especialmente entre os jovens?
O Enjoei teve um impacto significativo na mudança de hábitos de consumo, especialmente entre os jovens. Quando começamos em 2009, comprar e vender roupas usadas. Sabemos que as gerações mais novas estão propondo grandes mudanças na sociedade – isso se reflete por meio de tudo que eles consomem, o que esperam das marcas e das empresas e de diversas outras formas. É possível notar nesse público uma preocupação ainda maior com o consumo consciente e os impactos que isso gera no futuro deles e do mundo. Quando começamos em 2009, comprar e vender roupas usadas ainda era um tabu e a nossa linguagem leve e divertida permitiu uma conexão genuína com esse consumidor. Com isso, o Enjoei rapidamente ganhou popularidade no Brasil e se tornou um dos principais marketplaces de produtos usados e de moda do país, saindo na frente quando o assunto é o incentivo ao consumo sustentável e responsável. Em um relatório de economia circular publicado pelo Enjoei, identificamos que 36% dos consumidores querem minimizar seus impactos ambientais ao realizar a compra de uma peça de roupa e 29% consideram a sustentabilidade um fator importante ao vender roupas seminovas – esse movimento tem uma forte relação com o comportamento do público mais jovem, que acaba impactando também quem está ao seu redor.
O Enjoei cresceu significativamente desde sua fundação. Quais estratégias de marketing e expansão foram mais eficazes para impulsionar o crescimento da plataforma?
O crescimento significativo do Enjoei desde sua fundação pode ser atribuído a uma combinação de estratégias. A comunicação com um tom leve e informal e a forte identidade visual fizeram sucesso desde o começo. Depois vieram as lojinhas das celebridades, bazares e iniciativas com parceiros, que nos impulsionaram ainda mais. Mais recentemente, expandimos a atuação do negócio e nos consolidamos como Grupo Enjoei, a partir das aquisições do portal Elo7 e de parte da rede de lojas de segunda mão de itens infantis Cresci e Perdi, que chegaram para reforçar o alcance das plataformas, explorando a sinergia de audiências e ao mesmo tempo atingindo públicos e mercados diferentes dos que estávamos até então. Ainda nesse semestre vamos fazer nossa estreia no universo das lojas físicas, integrando a experiência do online que o consumidor já conhece com a experiência presencial, em uma atuação que aposta ainda mais no omnichannel.
Considerando seu papel como mulher influente na indústria de tecnologia, quais inovações tecnológicas você vê moldando o futuro do comércio de segunda mão?
O Enjoei foi pioneiro ao criar a primeira plataforma de venda de peças de segunda mão do Brasil, apostando na tecnologia para potencializar e democratizar uma prática de se desfazer de itens usados que já era comum no Brasil, mas ficava restrita aos grupos da família e dos amigos. No Enjoei, nós acreditamos que as inovações que vão influenciar o mercado são aquelas que permitem processos mais sustentáveis, práticos e acessíveis para todos. Há um esforço constante para identificar e implementar melhorias na usabilidade da plataforma, tanto para quem vende, como para quem compra – temos funcionalidades que, entre outras coisas, otimizam a criação de anúncios, garantem visibilidade extra na plataforma e facilitam a logística de envio dos pedidos.
Um exemplo disso é o Enjubook, um recurso que permite a criação de um anúncio automático para a venda de livros apenas escaneando o código de barras na contracapa. Já a entrega de uma venda feita hoje pelo Enjoei se dá praticamente sem o uso de papel impresso, com uso de um QR Code que é apresentado pelo vendedor à transportadora, pelo qual já é possível identificar todos os dados daquela transação. Quem compra uma peça pelo Enjoei e quer revender pode simplesmente “republicar” o anúncio original, sem a necessidade de criar um novo. Essas são algumas das melhorias recentes facilitadas pela tecnologia no Enjoei.
Diante do cenário competitivo no mercado de revenda online, quais são os principais diferenciais do Enjoei e quais são suas perspectivas para o futuro da empresa?
Nos orgulhamos em sermos uma das primeiras companhias a apostar em um mercado de alto potencial de crescimento, enxergando na venda de peças de segunda mão uma tendência quando ninguém mais via e criando uma plataforma que é referência no segmento. Nós inovamos ao transformar a venda de itens usados em negócio permitindo a obtenção de renda extra, ao trazer as lojinhas de celebridades para todo o público e ao trabalhar em parceria com marcas de moda para o lançamento de coleções com peças upcycled e exclusivas. Nosso próximo passo é a convergência do mundo físico e o digital, levando também para as lojas presenciais o Enjoei que o público só vivenciou até então no online, passando a atuar em um mercado que reúne mais de 120 mil lojas de produtos second hand no Brasil.