Ronaldo Baeta assumiu como novo CEO da Titanium Asset, gestora de investimento com foco em cripto ativos, em julho de 2023 com a função de substituir Eduardo Zanuzzo, que assumiu novas funções dentro do próprio grupo.
Em entrevista exclusiva ao Decisor Brasil durante o ANBIMA Summit, o executivo explicou sobre a estrutura da gestora, atual momento do mercado após o denominado inverno de criptos, o crescimento exponencial das fintechs e o futuro da gestora com após sua entrada como CEO.
Confira a entrevista completa:
Como a Titanium Asset está estruturada? Como ela atua no mercado?
Hoje temos à disposição dos nossos investidores cinco produtos que desenvolvemos dentro de casa com uma tecnologia muito particular no segmento de cripto ativos e ativos digitais. A história da casa e das empresas do grupo vem muito nessa linha: o pessoal vive de tecnologia há muitos anos e agora pegamos todo esse conhecimento para colocar à disposição dos nossos investidores.
A Titanium foi fundada em 2019, e os principais produtos começaram, principalmente, após a regulação, que é uma agenda que nós gostamos muito e por isso sempre estivemos muito presentes com a CVM, Anbima e Banco Central ajudando em todo esse processo de regulação do mercado.
Esse crescimento das novas tecnologias como blockchain e tokens, é algo muito parecido com o que houve 10 anos atrás quando falavam sobre a incerteza dos bancos digitais, mas que hoje em dia se firmaram e melhoraram a relação com os clientes através de produtos e uma assessoria mais interessante.
Nós buscamos atender todos os perfis de clientes, desde o investidor mais conservador até o mais agressivo. Então, temos um produto que talvez hoje seja nosso carro chefe, que é o Titanium Structure, que se utiliza de 30 algoritmos desenvolvidos por nós e que ficam varrendo o mercado 24 horas por dia, sete dias por semana, em busca de arbitragem dentro do segmento de ativos digitais. Então, é um fundo que hoje tem uma série de estratégias que acontecem o tempo inteiro e que, obviamente, nosso time de gestão está sempre muito próximo, olhando o que está acontecendo e monitorando.
É um produto bacana, porque é completamente descorrelacionado com os mercados tradicionais, tanto que, apesar do corte de juros no Brasil ter vindo, o resto do globo não manteve esse cenário. E quando olhamos os produtos tradicionais, principalmente, multimercado, os fundos de ações e os long buys, todos estão apanhando, enquanto no mês de agosto nós estávamos com 200% de CDI por mês, 210% no ano. É um produto que não tem absolutamente nenhuma correlação com os produtos tradicionais.
Com a regulamentação dos cripto ativos através da CVM 175, quais são as novas expectativas e alterações para o mercado de investimentos?
A regulamentação foi algo super importante e mais um passo na direção correta. Apesar da gente saber que a tecnologia do blockchain foi pensada para ser descentralizada, entendemos ainda a importância da regulação no dia a dia, principalmente para garantir que você tenha a observância das regras, da governança e também dar mais tranquilidade para nosso investidor.
Aqui na Titanium, achamos que a auto regulação é importantíssima, e a CVM 175 vem muito nessa linha de ajudar a gente, inclusive até para explicar para os nossos clientes, já que ainda tinha um pouco daquela sensação de você estar andando em um mar que as pessoas olhavam com certa desconfiança à medida que você tinha pouca regulação.
Essa mudança também vem graças ao Banco Central, que já vem inovando, por exemplo, trazendo o PIX para o Brasil, que virou um tema global depois. Hoje você vai para o Banco Central americano e ele copia a tecnologia do Brasil com o FedNow e com aquelas outras casas particulares que fazem as transferências online similares ao PIX.
A regulação foi fundamental e sem ela a gente não conseguiria atrair a atenção dos grandes investidores e gestores. Com esse processo acontecendo, com as pessoas conhecendo, tendo um maior contato, eles vão entender que não dá para ficar fora desse movimento que começou. Quem não acompanhar somente vai perder tempo e espaço de mercado.
O mercado financeiro está acompanhando um crescimento exponencial das fintechs e de novas tecnologias. Como isso interfere e auxilia no mercado tradicional?
As fintechs têm um papel fundamental em garantir que o mercado consiga trazer uma inovação para o tradicional. Muitas vezes quando olhamos as instituições mais tradicionais, elas têm um legado muito grande e pesado. Com a chegada das Fintechs, elas vão conseguir dinamizar, economizar e fazer com que as transações sejam cada vez mais baratas.
O que acaba resultando em uma consequência que já estamos acompanhando, em que muitas dessas fintechs que vem recebendo grande destaque, estão sendo incorporadas pelas grandes instituições para o seu ecossistema. É exatamente esse dinamismo, velocidade e redução de custos que as novas tecnologias para o mercado financeiro conseguem garantir.
É uma oportunidade de encurtar barreiras e distâncias para facilitar acesso a produtos melhores, mais baratos e com muito mais tecnologia, então é fundamental que o mercado, o consumidor e o investidor conheçam as fintechs, para assim conseguirem ter acesso a produtos e oportunidades que ele não teria.
Qual é o atual momento dos cripto ativos? Principalmente após atravessarmos o chamado “inverno das criptos”
O mercado continua um pouco pesado. O Bitcoin e as moedas caíram bastante. Muito por conta desse cenário global que observamos, então todo mundo meio que foi atropelado por esse juros americano, que agora em agosto atingiu a máxima em 15 anos em termos de baixa.
Com isso, acho que está todo mundo um pouco assustado, você tem preços de ativos de uma maneira geral sofrendo no curto prazo, mas que ao meu ver se trata de um movimento temporário. Aqui na Titanium estamos felizes por estarmos vendo aberturas de oportunidades de novos negócios com preços muito mais atrativos.
Quando olhamos para a perspectiva da economia brasileira e mundial para os próximos dois anos, acredito que vamos ter uma desaceleração que vai fazer com que os bancos centrais começam a afrouxar mais a política monetária, o que por si só, já vai garantir um fluxo e liquidez maior para os ativos de forma geral, mas principalmente para os digitais.
Você assumiu como novo presidente da Titanium recentemente, o que o mercado pode esperar da sua presidência e da gestora nos próximos 12 meses?
Não teremos tantas mudanças com a minha chegada, a Titanium já vem fazendo um trabalho belíssimo nesse quesito de trazer essa inovação para um mercado super tradicional. Então a minha chegada é para juntar um pouco dessa experiência que eu tenho de mercado tradicional, de banco, de trading, com a experiência que a turma que está ali no dia a dia tem. Além de, principalmente, conectar a Titanium com os principais players e órgãos reguladores do mercado tradicional, para trazer um pouco de toda essa expertise de fora para dentro desse novo segmento.
Posso garantir que seremos a maior gestora de ativos digitais do Brasil muito em breve, estamos nos propondo a fazer e ser um produto muito diferente do que tem no mercado, trazendo de novo uma tecnologia que pouca gente conhece. Vamos ser como um hub de informação.