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Pessoas & Gestão

Jogos Olímpicos Rio 2016 e a Nissan: Estratégia, impacto e lições aprendidas

Em uma entrevista exclusiva, o diretor de comunicação da Nissan no Brasil, Rogério Louro, fala sobre a motivação, os impactos e as lições aprendidas com o patrocínio da marca aos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro

Qual foi a motivação principal para que a Nissan patrocinasse os Jogos Olímpicos de 2016?

Na época, a Nissan estava entrando em uma nova fase no Brasil, por ter inaugurado seu Complexo Industrial no país em 2014 e estar lançando mundialmente no mercado local seu modelo Nissan Kicks. Era o momento da empresa se tornar mais conhecida e ganhar visibilidade de marca, já que passaria a concorrer mais forte no mercado. Então, a decisão de patrocinar os Jogos Olímpicos e os Jogos Paralímpicos Rio 2016 foi estratégica para a Nissan aumentar o conhecimento de sua marca e reforçar sua imagem principalmente entre os brasileiros. Além disso, os Jogos foram fundamentais como plataforma de lançamento do Nissan Kicks, um carro que até hoje é um sucesso no mercado brasileiro e de toda a América Latina.

Quais foram os impactos imediatos nos negócios durante os Jogos Olímpicos de 2016?

Com a presença nos Jogos Rio 2016, a Nissan ganhou muito conhecimento (Awareness) e opinião (Overall Opinion) positiva para sua marca, o que foi confirmado por diferentes pesquisas que realizamos e, claro, se refletiu também no aumento do volume de vendas. Como lançamos o Nissan Kicks exatamente nos Jogos e associamos ao máximo o produto ao evento, inclusive ele foi o carro comando do Revezamento das Tochas Olímpica e Paralímpica, a estratégia funcionou. O carro rapidamente virou um dos principais players de seu segmento. Até hoje o Nissan Kicks tem uma forte imagem entre os brasileiros e, com certeza, além de toda a qualidade do produto, o trabalho realizado nos Jogos Rio 2016 ajudou a criar uma base sólida de reconhecimento para o modelo e levou a marca Nissan para um outro nível de reconhecimento entre os brasileiros.

Como vocês integraram a experiência olímpica nas suas campanhas de marketing e comunicação?

Começamos a ativar o patrocínio muito antes dos Jogos começarem e fomos em um crescente, permitindo e dando tempo para que o público fosse associando a marca ao evento. No período específico dos Jogos, praticamente todas as ações de Marketing e Comunicação que fizemos foram ligadas ao evento, tanto para reforço de marca quanto para mostrar os produtos, principalmente o Nissan Kicks, o carro que lançamos na época. E isso envolveu publicidade, promoções, ações com imprensa, funcionários, concessionários e clientes, ativações com espaços próprios, como um hotel totalmente dedicado e “vestido” de Nissan com exclusividade para nossos convidados na praia de Copacabana, que chamamos de hotel Nissan Kicks, entre outros. Foi uma estratégia 360° com os Jogos como centro.

Quais as principais lições aprendidas com a experiencia?

Atuar nos Jogos é uma operação complexa, então é preciso muito planejamento, capacidade de adaptação e agilidade para ajustar a estratégia ou aproveitar oportunidades que surgem. Ter uma linha de atividades e atuação consistente, mas que possa ser flexibilizada, se necessário.

São muitas marcas envolvidas, então, para se diferenciar, como a Nissan conseguiu na Rio 2016, é preciso ter a base do planejamento bem sólido e ser criativo e ágil para entender a essência do momento e aproveitar a situação. É como em uma competição de alto nível, e, na verdade, é uma competição de nível, mas de marcas em vez de atletas, onde você precisa conhecer bem as suas qualidades e diferenciais e ir moldando e se adaptando a cada momento que a disputa evolui, compreendendo e lendo o adversário e o ambiente em cada passo que dá. Por isso, é melhor focar em poucas, mas boas ações, do que querer fazer um monte de coisas que vão ficar diluídas e gerar pouco impacto, além de exigir muito esforço das equipes.

Outro ponto importante para o patrocinador é conhecer bem as regras, direitos e deveres, que têm em função do patrocínio, para saber usar o máximo possível os benefícios de estar associado a uma marca tão forte como a dos Jogos. Isso exige muita atenção, muita troca com o comitê organizador e ousadia para inovar em meio as muitas regras. Para nós da Nissan, foi muito positivo.

Quais são as principais vantagens que a empresa vê em associar sua marca ao esporte e aos atletas?

A Nissan tem experiência em se associar a eventos esportivos e a atletas, como fez nos Jogos Rio 2016, e um dos pontos principais é manter sempre uma relação verdadeira, que converse com a essência da marca e que seja positiva para ambos os lados. Se for apenas uma relação comercial, pode até ter impacto inicial, mas curto. Não vai ter aderência, ainda mais quando falamos na relação com pessoas/atletas.

Um atleta é um indivíduo e, mesmo que seja uma referência em seu esporte, precisa no dia a dia ter identificação com a marca. Só assim ele vai levar a marca para a interação real com seus fãs, se não será apenas mais uma publicidade entre tantas outras.

Obviamente, o esporte tende a ser associado a valores e atitudes como determinação, força, sucesso, excelência, performance, vida saudável, mas, para transferir essa associação para a marca, e trazer juntos seus benefícios, é preciso um forte planejamento, buscar os parceiros corretos e pensar a médio e longo prazo. Nem sempre um campeão é a melhor solução, talvez o atleta que ainda está buscando seu espaço pode ser mais positivo e verdadeiro, dependendo da situação. Não é simples, não vai funcionar igual para todas as empresas, mas, com boa avaliação, estratégia e planejamento, pode ser eficiente.