Com o crescimento da Creator Economy, como as marcas podem usar essa tendência para fortalecer sua presença digital e se conectar de maneira mais autêntica com o público jovem?
Vou citar um dado da nossa pesquisa “Quem influencia a Geração Z?”, feita pelo InstitutoZ, da Trope, em parceria com a YOUPIX, porque provou que o que torna a publicidade feita por creators mais relevante do que a publicidade tradicional para 57% da Geração Z é o fato de ser uma comunicação mais personalizada, autêntica e criativa. É o conteúdo com cara de conteúdo. A creator economy permite humanizar as marcas e trazer os próprios criadores de conteúdo sendo porta-vozes do seu negócio e dessas mensagens.
Além disso, as estratégias de influência, feitas através da creator economy, permitem que você ressoe a mesma mensagem falada de diferentes formas. Ou seja, cada creator está imprimindo a sua própria personalidade dentro daquele conteúdo, dentro daquela campanha, e, consequentemente, está propagando ainda mais aquilo que você, enquanto marca, tem que deixar de legado, para que as pessoas também considerem você ali no momento da compra. Então, no geral, a creator economy é esse facilitador, um meio de contato direto e uma conexão genuína com o consumidor.
Quais os principais desafios das empresas de economia tradicional na atração e retenção de jovens talentos?
A Geração Z não está olhando para os empregos somente pelos salários e pelos benefícios. É óbvio que o dinheiro é importante para todo mundo, caso contrário, ninguém trabalharia. Mas o ponto é que a Geração Z enxerga a vida pessoal e a vida profissional como uma coisa só, não existe essa separação da carreira que as gerações anteriores faziam, pois acreditam que o trabalho que exercem na empresa também faz parte da vida de forma geral. E por isso tratam com algo único, então é óbvio que um problema pessoal acaba afetando o trabalho e vice-versa.
Por outro lado, as empresas também têm desafios: conseguir olhar a situação dessa forma e entender que a GenZ chega no mercado de trabalho com outras demandas. É muito menos sobre o repertório técnico e capacitação teórica, e é muito mais sobre a transferência de conhecimento, pois trata-se de uma geração que clama pela experiência prática. E esse é um desejo grande da Geração Z, se formos comparar com as empresas mais tradicionais ou com as economias mais tradicionais na hora de reter talento. Porque as empresas que não estão olhando para esse aspecto dificilmente vão ser objeto de desejo e não vão conseguir tornar suas marcas realmente atrativas e empregadoras para essa nova geração.
Como um dos pioneiros nesse mercado, quais foram as maiores dificuldades que você enfrentou ao longo dessa jornada e como conseguiu superar os desafios de ser um líder em um setor tão dinâmico e competitivo?
Uma das primeiras dificuldades que eu enfrentei empreendendo na creator economy era uma questão de validação. Porque com pouca idade, muito do que eu ouvi das pessoas era: “O que você tem de idade, eu tenho de mercado”. O etarismo velado em algumas falas tentava descredibilizar o meu repertório em creator economy, e mais do que isso, as habilidades que tínhamos enquanto empresa capaz de ajudar as marcas a se conectarem com as novas gerações através do conteúdo e da nova era dentro da influência. Então eu precisei me esforçar ainda mais para mostrar que também poderia “sentar na mesa dos adultos”, porque já era um adulto também. Muitas pessoas acreditam que a GenZ é super jovem ainda, mas na verdade, estão quase completando 30 anos. A parte mais velha da Geração Z está com 29 anos em 2025.
Esses desafios acabaram instigando ainda mais a Trope como uma empresa, porque no fim, sabíamos que não estávamos nadando contra a corrente, mas lutando para conseguir mostrar a importância da intergeracionalidade, reforçando o quando é essencial diversificar faixas-etárias e ter pessoas de diferentes gerações na mesa. Porque se não conseguirmos trazer o repertório das pessoas mais velhas que detêm o mercado, detêm conhecimento, junto das pessoas mais novas, que hoje são experts em conteúdo vertical, são experts em internet, consomem mais do que ninguém muitas vezes, dificilmente vamos conseguir ser assertivo enquanto empresa, enquanto negócio e enquanto visão de futuro.
Muitas marcas tradicionais enfrentam dificuldades em se conectar com as novas gerações e modernizar sua imagem sem perder seu legado institucional. Quais são os principais erros que elas cometem nesse processo e quais estratégias você recomendaria para integrar inovação sem comprometer sua identidade e história?
Um dos erros que eu mais noto são as empresas que acham que falar com a Geração Z é só fazer segmentação demográfica e diferenciar por idades, quando na realidade, isso não basta. Seria muito fácil se fosse segmentação demográfica, mas as campanhas e estratégias de marketing precisam cada vez mais serem pensadas por e para a Geração Z e a geração Alpha, se genuinamente quisermos atingir esses novos consumidores. Por uma questão bem simples: a comunicação e a estratégia que são feitas para as gerações mais velhas não necessariamente vão funcionar para as novas gerações. E às vezes não é sobre contratar uma celebridade nacionalmente conhecida para a sua campanha, porque muitas vezes, a influência está na pequena conexão, no creator menor, naquela interação que acontece entre grupos privados, e microculturas.
As marcas também pensam que para conseguirem rejuvenescer e falar com essas novas gerações precisam mexer em toda a estratégia, porém, nem sempre é o caso. O ponto é que as marcas precisam entender onde o público está, onde as novas gerações estão e como fazer uma comunicação personalizada e uma comunicação autêntica. Esses pontos não comprometem a história, a identidade e muito menos o legado que a empresa tem. Então, é muito mais do que querer pagar de marca moderna e autêntica, mas realmente se portar dessa forma. É sobre manter o discurso e assim, de forma consistente, falar com as novas gerações. Não é uma campanha pontual que vai fazer isso acontecer da noite para o dia.