A 1ª edição do Compliance Summit & Awards Brasil foi palco do painel “Experiências e Aprendizados na Prevenção de Delitos – Como Implementar uma Cultura de Integridade Corporativa”. Moderado por Raphael Soré, sócio de Compliance, Investigações e Governança Corporativa do Machado Meyer Advogados, o debate reuniu especialistas de destaque na área, como Camila Silvestre, Diretora de Auditoria Interna, Controles Internos e Gestão de Riscos e Forense da GPA; Jorge Lencastre, responsável por Legal Compliance, Risk, Audit e DPO da CPFL; e Fábia Cunha, Diretora de Compliance da Accor Americas.
Raphael Soré deu início ao painel levantando um ponto essencial sobre a dificuldade de definir e mensurar a cultura de integridade nas empresas. “Cada pessoa pode ter um conceito de integridade corporativa. O desafio é aplicar isso na prática. Como profissionais da área, precisamos fomentar essa agenda de forma concreta e mensurável, e entender como as ações no dia a dia moldam essa cultura”.
Fábia Cunha trouxe a perspectiva da Accor, onde a cultura de integridade está profundamente enraizada nas ações da empresa. “Para a Accor, cultura ética é algo em que investimos dinheiro. Ela é para todos: colaboradores, hóspedes e fornecedores. Isso traz uma verdade dentro dos nossos hotéis”, afirmou Fábia, ressaltando a importância de uma cultura inclusiva e abrangente.
Jorge Lencastre compartilhou a experiência da CPFL, explicando como a cultura de integridade é integrada ao DNA da empresa. “Nós obviamente temos metas e objetivas a serem cumpridas, mas temos formas de alcança-las. Temos uma mandala que representa nosso jeito de ser, e a integridade está presente nela. Esse símbolo é um lembrete constante. Para nós, a integridade é inegociável, assim como a segurança. E isso é crucial quando lidamos com setores como o de energia, onde mais de 80% da nossa força de trabalho opera em altura ou em rede energizada”, destacou Jorge. “A integridade significa estar conectado com o negócio. Nós temos um papel de celebrar o valor, o que é intuitivo, mas que é necessário muito trabalho por trás”
No setor de varejo, Camila Silvestre ressaltou sua experiência na GPA, uma empresa com mais de 700 lojas e 44 mil funcionários. “A gente vê na prática que a cultura de integridade está funcionando quando a tomada de decisão envolve diferentes níveis hierárquicos. A cultura de compliance precisa estar presente em cada decisão, independentemente do nível hierárquico”, explicou Camila, enfatizando a importância de viver os valores na prática e não apenas na teoria.
Ainda, Fábia Cunha complementou: “O risco principal dos hoteis Accor não é corrupção, existem diferentes riscos para diferentes segmentos. No nosso caso, o mapa de risco é a base do nosso compliance. Olhamos para ele anualmente, promovendo ações assertivas de mitigação, tanto para colaboradores quanto para hóspedes”, explicou Fábia. Ela também mencionou a importância de alinhar os valores de direitos humanos com todos os envolvidos na cadeia de negócios.
Jorge complementou a discussão falando sobre a iniciativa da CPFL de incentivar mulheres a ingressarem na profissão de eletricistas, um setor historicamente dominado por homens. “Nosso papel é assegurar a diversidade e inclusão, criando um ambiente adequado para essas profissionais, mesmo diante de desafios como comentários sexistas e misóginos que elas enfrentam no campo”, pontuou.
Camila também destacou a relevância dos canais de denúncia para manter a integridade nas operações. “O volume de denúncias que recebemos é enorme. É nossa responsabilidade como sociedade treinar as pessoas e garantir que as denúncias sejam devidamente apuradas, sem expor indivíduos, mas focando nos comportamentos que precisam ser ajustados”, explicou.
O debate destacou a importância de uma cultura de integridade viva e atuante em todos os níveis das organizações, assim como a necessidade de ações concretas para enfrentar os desafios específicos de cada setor.