Quais são as perspectivas da Associação acerca da discussão legislativa referente à regulação da IA no Brasil?
A Abes acompanha de perto o processo legislativo sobre a regulação da Inteligência Artificial (IA) no Brasil. Uma legislação principiológica e uma regulamentação setorizada (aonde necessário) é fundamental para apoiar a inovação. Como o assunto é muito novo, a regulamentação deve ser desenvolvida conforme as inovações vão aparecendo, sempre em conjunto das empresas e da sociedade. Acreditamos que é importante que as regulamentações promovam um equilíbrio entre inovação e proteção, permitindo que as empresas de software possam desenvolver soluções tecnológicas avançadas, enquanto garantem a transparência, segurança e responsabilidade no uso da IA. Estamos comprometidos em colaborar com os órgãos governamentais e outros stakeholders para garantir que a regulação favoreça a competitividade do setor, sem engessar o desenvolvimento de novas tecnologias.
Quais os impactos esperados da regulação da IA para as empresas de software?
A regulação da IA terá um impacto significativo nas empresas de software. Dependendo como vier, será um impulsionador ou uma trava no desenvolvimento e uso de IA no Brasil. Achamos importante o Brasil não perder esta oportunidade de ser um grande player no campo da IA. Para isso precisamos de apoio normativo, fiscal e de infraestrutura. Acreditamos que a regulação principiológica com regulação setorizada criará um ambiente de maior confiança entre consumidores e empresas, estimulando o uso responsável da tecnologia, o que é benéfico para o mercado no longo prazo.
Como as empresas de software vêm se antecipando na temática de governança de IA?
A maioria das aplicações de IA são na área comercial, industrial, transporte, comunicação e do agro, onde a governança predominante é tecnológica.
O uso de IA nas relações humanas (mídia social etc.) é uma parte, que, apesar de ter um volume menor, é a que causa a controvérsia na sociedade. As empresas de software que atuam nesta área já estão se antecipando à governança de IA adotando boas práticas relacionadas à ética no desenvolvimento de algoritmos e à implementação de modelos transparentes e auditáveis. Muitas estão criando comitês internos e departamentos especializados para garantir que suas soluções de IA sigam princípios de justiça, não discriminação e privacidade. Além disso, as empresas também têm investido em capacitação de suas equipes para implementar e monitorar políticas de governança eficazes e responsáveis, alinhadas com as expectativas de stakeholders e com a regulamentação global emergente.
Como você avalia o nível de maturidade do mercado brasileiro em termos de transformação digital?
O brasileiro é um dos povos que mais adota tecnologia com rapidez. O mercado brasileiro tem avançado consideravelmente em termos de transformação digital, mas, como sempre, ainda existem desafios a serem superados. Muitas empresas já estão incorporando tecnologias como IA, Big Data e Cloud Computing, mas ainda há muitas organizações que estão em estágios iniciais dessa jornada. A Abes acredita que o mercado brasileiro está em um processo de amadurecimento contínuo e que a aceleração dessa transformação dependerá de investimentos em capacitação, infraestrutura e em políticas públicas de incentivo à inovação.
Como as empresas de software podem contribuir para a modernização do setor público no Brasil?
As empresas de software têm um papel estratégico na modernização do setor público no Brasil, pois podem fornecer soluções tecnológicas que aumentem a eficiência, a transparência e a acessibilidade dos serviços públicos. A adoção de tecnologias como sistemas de gestão eletrônica, IA para otimização de processos e plataformas de comunicação digital pode melhorar significativamente a entrega de serviços aos cidadãos. Além disso, as empresas de software podem apoiar o governo na transformação digital, oferecendo ferramentas que ajudem na modernização das estruturas e processos internos, gerando uma administração pública mais ágil e eficaz.