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'Com inflação sob controle, os fundos imobiliários tendem a se valorizar'

Camilla Osborn Nogueira Frussa é sócia da Bresco, gestora que figura na posição de Excellent no ranking de Fundos Imobiliários da Leaders League Brasil. Ocupando a 49ª posição na lista Corporate & Finance Leading Woman, ela fala sobre os desafios das mulheres no mercado de investimentos imobiliários e as perspectivas para o setor.

Como você descreveria a sua atuação na Bresco?

Desde o início de suas atividades, em 2011, sou a sócia da Bresco responsável pelas áreas de Compliance, Jurídica, Gente e ESG.

Quais são os principais desafios para as mulheres que atuam no mercado de investimentos?

Creio que o reconhecimento das vantagens competitivas trazidas pela diversidade em geral, e de gênero em especial, ajudou a elevar o número de mulheres em posições de comando nas empresas nos últimos anos. Mesmo assim, uma pesquisa recente realizada pela McKinsey e LeanIn aponta que, embora o número de mulheres em posições de entrada nas empresas seja equivalente ao de homens, a partir dos cargos de gerência há menos mulheres do que homens, o que indica que as mulheres são menos promovidas. Sinto que isso é particularmente notável no mercado de investimentos imobiliários, que é tradicionalmente um setor muito masculino.

Quais os principais desafios jurídicos e regulatórios no âmbito dos fundos imobiliários?

Eu diria que os grandes desafios são as questões relacionadas à lavagem de dinheiro e corrupção. No tocante à corrupção, a preocupação surge da grande dependência que os projetos imobiliários têm de aprovações de entes públicos para nossos projetos. Muitas vezes somos penalizados por processos aprovativos extremamente morosos e pouco transparentes. Além disso, os reguladores estão cientes de que operações imobiliárias são muitas vezes utilizadas como meio para a lavagem de dinheiro, tendo em vista a natureza bastante ilíquida dos investimentos e o grande volume de recursos envolvidos nos projetos. Esse é um dos aspectos de maior preocupação na Bresco. Mais de uma vez rejeitamos propostas de compra recebidas para nossos imóveis por falta de identificação do comprador ou pela falta de clareza da origem dos recursos a serem utilizados na aquisição.

E quais são as perspectivas do setor para o próximo ano?

As perspectivas são positivas, se a tendência de queda da taxa de juros se materializar, com inflação sob controle, os fundos imobiliários tendem a se valorizar. A correlação inversa entre taxa de juros e valorização dessa classe de ativos é bastante forte. Além disso, entendo que pode haver um movimento de consolidação do setor, como resultado da maior sofisticação dos investidores e amadurecimento da indústria, que exigem fundos imobiliários com ativos de qualidade e diversificados e que sejam geridos por profissionais especializados no setor.