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ESG

'Diversidade e inclusão devem estar na estratégia da organização'

Elizabete Scheibmayr é CEO da Uzoma Diversidade Educação e Cultura, consultoria focada em diversidade e inclusão no mercado de trabalho. Nesta entrevista, ela aborda tópicos como o papel das lideranças na construção de uma cultura voltada para a equidade e os resultados da atuação de sua empresa.

Em sua opinião, qual é o papel das lideranças corporativas na promoção da diversidade e inclusão nas organizações?

O papel da liderança na promoção da inclusão e da diversidade é crucial, pois os líderes desempenham papel significativo na definição da cultura e dos valores da sua organização. Cabe aos líderes criar um espaço onde cada indivíduo se sinta valorizado e respeitado, independentemente de sua origem, crenças ou identidade.

É papel dos líderes enfatizar a importância da inclusão e da diversidade, desenvolver um conjunto diversificado de talentos, promover uma cultura de inclusão, proporcionar diversidade e formação em inclusão e celebrar a diversidade. Ao fazer isso, os líderes podem criar um local de trabalho onde cada indivíduo se sinta valorizado e respeitado, levando ao aumento da criatividade , produtividade e inovação.

Promover a diversidade e inclusão não é papel do RH, deve estar na estratégia da organização.

 

Quais foram os maiores desafios que você enfrentou ao ingressar no mundo corporativo como mulher negra e advogada, e como essas experiências moldaram a sua abordagem atual na consultoria em diversidade?

Os desafios de uma mulher negra no mundo corporativo são bastante similares. O primeiro ponto a observar sermos únicas, principalmente, quando se ascende profissionalmente, outro desafio é precisar se provar sempre, pois continuamente sua competência e conhecimento é colocada em dúvida, destaque-se, ainda, a leitura que se faz da mulher e, principalmente, da mulher negra que somos mais agressivas e, finalmente, a falta de oportunidade (as oportunidades não são as mesmas).

Hoje a Uzoma busca em sua atuação colaborar na construção de empresas que não sejam pautadas por preconceitos e vieses e, que possam olhar a potencialidade dos profissionais e, que abram oportunidades a todas as pessoas. O resultado observado nos quatro anos de atuação da Uzoma é que de fato a diversidade e a inclusão traz benefícios para as organizações.

 

Quais são os passos necessários para uma maior conscientização e implementação de políticas inclusivas para diversidade no mundo corporativo?

O primeiro passo é a vontade de fazer e incluir a implementação de ações e políticas de inclusão na estratégia dos negócios.  Outro ponto a ser observado, é que não é uma receita de bolo e a organização precisa olhar para sua realidade, fazer censo, conscientizar as pessoas, atrair, reter e desenvolver talentos diversos e, estabelecer metas para que a transformação ocorra de forma contínua e perene.

 

Além de sua atuação na consultoria empresarial, você também é conselheira em um instituto de integração para refugiados no Brasil. Poderia contar um pouco sobre esta experiência?

Tenho o prazer de fazer parte do conselho do Instituto Adus, que é  uma ONG que promove a integração de refugiados na sociedade brasileira desde outubro de 2010. Refugiados são pessoas em situação de risco e vulnerabilidade, que tentam recomeçar suas vidas com segurança.

O trabalho no Adus ampliou meu entendimento sobre diversidade. A integração do refugiado e de pessoas em situação de refúgio é bastante complexa, integração em uma nova cultura, aprendizado de um novo idioma, busca de emprego decente e moradia, para que tudo isso aconteça há necessidade de políticas públicas e o apoio de toda a sociedade, principalmente, das empresas.

 

Quais são os principais desafios enfrentados por refugiados no mercado de trabalho brasileiro, e como as empresas podem contribuir para superar esses desafios?

Os desafios dos refugiados passa pela validação da sua formação no seu país de origem, barreira de idiomas e, o viés assistencialista brasileira que acredita que o refugiado, principalmente, negros somente podem realizar serviços não qualificados, não reconhecendo toda a sua experiência profissional adquirida em seu país de origem.

As empresas podem contribuir com doações, com a contratação de cursos de idiomas e com a abertura de vagas para pessoas refugiadas.