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Disputas

‘Fazendo compliance, estamos transformando o mercado onde nós atuamos’

Debate no realizado no Leaders League Compliance Summit & Awards levantou questões sobre a relação entre o compliance como pilar de políticas ESG

O Leaders League Compliance Summit & Awards foi palco do painel “O Compliance como Protagonista nas Iniciativas ESG das Organizações: Visões e Desafios”. Esther Flesch, sócia do Miguel Neto Advogados, compôs a mesa ao lado de Gustavo Lucena, membro do Comitê de Auditoria da Copa Energia; Renato Adriano Martins, diretor Jurídico e de Compliance LatAm da Roche; e Gustavo Dias, head Jurídico da Expedia.

Esther começou elogiando o painel Compliance e Liderança, que o procedeu, e destacou o avanço da temática.

“No mundo bancário o tema de compliance era bem mais antigo, mas no mercado corporativo como um todo, veio mais forte com a lei anticorrupção. Hoje, o foco é em ESG, e acrescento que deveria ser GSE, vindo primeiro a pauta da governança, em seguida social e ambiental”, afirmou.

Na sequência questionou Lucena sobre como um conselho de administração pode passar a entender o Compliance como uma frente estratégica para a empresa em questão.

“Quando fala de engajamento, pode falar que treinou 80% dos funcionários, mas pode ocorrer que esses 20% foram os diretores, que ficaram de fora. E ainda soma: o time foi treinado, mas todos estão praticando?”, questionou. “Quando se fala de cultura, a companhia tem vários indicadores: segurança e saúde do trabalho, treinamento de fornecedores, pesquisa de clima… E quantas perguntas de ética e compliance são colocadas em uma pesquisa de clima? Nenhuma? Então não estamos medindo o principal. O time de compliance sabe do que se tratam todas essas pautas. Mas e a empresa como um todo? É preciso trazer para o CNPJ”, completou.

Renato Martins abordou a forma como a estruturação de programas de compliance traz impactos para questões cotidianas do cidadão, destacando o pilar de tratamento de dados.

“Privacidade de dados é de uma importância enorme, pois tratam de condições clínicas. Existem estudos para diagnóstico de diversos tipos de câncer a partir do exame de sangue que todos nós fazemos regularmente, para avaliar colesterol ou risco de diabetes, por exemplo.  E todo esse estudo exige análise de dados, algo extremamente crítico. Fazendo compliance, estamos transformando o mercado onde nós atuamos”, exemplificou.

Em sua fala, ele também frisou a importância de análise de dados nas pesquisas internas das companhias nos processos de estruturação de seus programas de conformidade e governança corporativa.

“O grande ponto do profissional de compliance é: como pego essa quantidade de dados coletados ao longo de anos e transformo isso em algo racionável? Por exemplo, não existe um único pagamento feito a um profissional de saúde que não passe por um processo rigoroso de checagem interna. Essa prática que a Roche adota é um padrão do próprio mercado. E esse padrão foi o que mudou a forma como nós pacientes nos relacionamos com a saúde”, completou.

 

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