A 4ª edição do Finance & Law Summit and Awards teve como um dos painéis de abertura o tema “Investimentos alternativos: Venture Capital e Private Equity no Brasil”. O painel teve moderação de Alexandre Pierantoni, managing diretor da Kroll; e contou com a participação de Lucas Costa Infante, CEO e cofundador da Food to Save; Marcelo Lombardo, fundador e CEO da Omie; e Luiz Guilherme Arakaki, principal da Vinci Partners.
Pierantoni abriu o debate apresentando dados levantados pela Kroll no âmbito das fusões e aquisições.
“Estamos vendo um desafio mundial do M&A, com questões de inflação, geopolíticas, de taxas de juros e imprevisibilidades que afetam a todos. O Brasil está caindo na ordem de 14% até abril; em maio, na faixa de 12% no número de transações finalizados. É um ambiente super desafiador. Se falarmos de IPO, basicamente não tivemos nenhum. Isso provoca um desafio enorme”, avaliou.
Para Arakaki, o cenário exige cautela, dado que a conjuntura econômica não é o mais favorável a eventuais transações.
“Dado que não é o melhor momento para transacionar, é natural enxergar uma queda de saídas, por exemplo. No nosso portfólio de 12 empresas, a gente já teve conversas de sair e congelou muitas delas porque entendemos que a paciência e um novo panorama de previsibilidade podem nos favorecer no futuro”, disse.
Perspectivas para empresas inovadoras
O painel também discutiu o panorama para o ecossistema de negócios no cenário de contrariedades. Para o fundador da Omie, investimentos em Venture Capital vêm ganhando destaque dada a abertura do mercado para novos produtos com potencial de inovação.
“Em relação aos softwares ERP, para se ter uma ideia, 85% dos nossos novos clientes vêm metade do Excel e metade do papel e caneta. Então tem um desafio e uma oportunidade enormes. Paralelamente, o mercado de investimentos em Venture Capital ganhou um nível de profissionalismo muito grande e passou a ser uma classe de ativo considerada por todo mundo que faz alocação. A gente vê muito investidor interessado no Brasil”, comentou Lombardo.
Lucas Infante abordou os aspectos ESG associados a uma abordagem de sustentabilidade do negócio de longo prazo. Segundo ele, a sigla deve estar atrelada à geração de valor para todo o ecossistema, contribuindo para o futuro da sociedade.
“Negócio de impacto não é filantropia. A gente tem o propósito de atuar no âmbito acesso à alimentação, mas também pensamos em escalabilidade. Hoje se fala em ‘inverno das startups’, em ‘escassez de capital’, mas o que há é mais cautela. Você precisa entregar um negócio que seja rentável, que gere retorno. Quando se fala em ‘inverno das startups’, isso foi fundamental, foi uma correção de rota. Esse mindset de unicórnio eu nunca tive; sempre quis um negócio que se mantivesse de pé”, completou.