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Pessoas & Gestão

‘Hoje o futebol compete com as plataformas de streaming’

Reginaldo Diniz é CEO da End to End, empresa e agência de marketing que soluciona questões de relacionamento do torcedor com clube e vice-versa. Em entrevista exclusiva ao Decisor Brasil ele comenta sobre a atuação da empresa, atual momento do marketing esportivo, importância da tecnologia no futebol e o case “Pelé no Dicionário”.

Quais são as principais áreas de atuação da End to End?

A End to End atua como uma empresa que se propõe a solucionar as questões de relacionamento do torcedor com o clube e vice-versa, de ponta a ponta. Nós atuamos desde a conexão do torcedor com o clube através da gestão de redes sociais, conteúdo, geração de campanhas, passando pela nossa produtora de vídeo e motion, câmera aberta e produção de vídeos publicitários.

Nós também temos uma área de relacionamento com o consumidor, que atende clientes como o Allianz Parque, Camisa 7 do Botafogo, Bet nacional, Piquet Júnior e Piquet Sports e Projeto Manto da Massa de camisas colaborativas do Atlético Mineiro.

Temos uma área dedicada ao live marketing, então possuímos uma produtora interna para a produção de eventos para BMG, para os canais da rede Globo, Sport TV e Combate.

Além disso, temos uma área dedicada à tecnologia com desenvolvimento de software, landing page, site, APP, sistema de sócio-torcedor. Dessa forma, entendemos que, abrangendo tudo isso, além da área de captação de patrocínio e outros produtos, atendemos de ponta a ponta a relação do clube com seu torcedor e vice-versa.


O marketing sempre teve presença marcante nas grandes ligas, entre jogadores e times. No entanto, com o fortalecimento das redes sociais, sua importância aumentou significativamente. Como você percebe essa evolução?

Eu entendo que essa evolução está diretamente ligada ao fato de que os públicos estão sendo inundados por conteúdo das mais diferentes frentes. Hoje o futebol compete com as plataformas de streaming e consome ou entrega conteúdo dentro da plataforma para que essa audiência e atenção do consumidor estejam centralizadas.

Fora das quatro linhas, ele vem se modernizando, entendendo que tem diversos tipos de público com comportamentos, desejos e estímulos diferentes para que ele possa se conectar com o clube e com o esporte. Então, desde a conexão do e-sports para os jogos de simulador do FIFA, a times que jogam com a marca de um clube com base nisso, você tem melhores produtos, melhores conexões, você tem cross-sell e up-sell cada vez mais avançados.

As marcas esportivas também vêm ampliando a relação com os clubes, entregando material esportivo melhor, tem muito mais diversidade na transmissão esportiva, visto como o fenômeno Cazé TV e a própria Live Mode que está por trás do projeto estruturante. Tem também as TVs dos clubes, como a TV do Santos, a TV do Palmeiras.

Enfim, você tem uma gama de produtos e serviços além das quatro linhas, que permite entender que o futebol vem se modernizando, criando propriedades, novas receitas e com isso sendo mais atrativo e conseguindo se conectar com diversos novos públicos.

O mundo esportivo está cada vez mais reconhecendo a importância da internet, com transmissões via streaming, presença nas redes sociais e engajamento dos torcedores online. Como sua agência tem acompanhado essa evolução e quais são os próximos passos nesse contexto?

A gente nasce com essa evolução. Entendemos que o clube nem sempre consegue falar bem com o seu torcedor, porque ele sempre fala com a torcida de forma mais massificada.

A End to End se coloca nesse papel de conectar a emoção dos diversos tipos de torcedores com os clubes, as entidades esportivas, o esporte, tendo uma equipe extremamente dedicada e qualificada.

Como diz um dos nossos clientes, nós somos profissionais com alma de arquibancada, isso nos permite enxergar um pouquinho além do que pode, do que está e do que vai acontecer.

Até um tempo atrás muitos clubes não tinham essa visão da importância do marketing. Como você o papel do marketing esportivo hoje em dia?

Tem uma frase célebre de um grande dirigente do futebol brasileiro que diz “Marketing no futebol é bola dentro da casa” e na verdade você tem que entender que em um futebol tão competitivo como é o brasileiro, algum time sempre vai perder e outro vai ganhar. Então você tem que ter capacidade de comunicar nas duas situações, porque o clube é muito maior do que uma vitória e uma derrota.

Todos os nossos clubes hoje, sem exceção, talvez sejam centenários. Então, o marketing ocupa um papel importante nessa conexão para que os diversos tipos de público estejam espalhados pelo Brasil e que não consomem futebol.

Na arena posso consumir além da arena e não só assistindo o jogo, consumindo experiências, propriedades, novos produtos e serviços.

Existe uma tendência de bancos digitais, o Palmeiras vem fazendo isso muito bem com o produto white label em que ele é a marca. O Banco BMG está atuando há muitos anos no futebol brasileiro com produtos digitais para Vasco, Atlético Mineiro, Ceará, Corinthians, e a End to End está conectada em todas as camadas de contato, do relacionamento de marca com o clube e vice-versa.

O nosso papel é muito nessa conexão de transformar a paixão do torcedor em algo tangível. Já que essencialmente, também somos uma empresa de engajamento de fãs.

Sua agência foi responsável por uma das principais campanhas de marketing no ano passado, o “Pelé no dicionário”. Poderia compartilhar conosco o processo de criação dessa campanha e quais foram seus principais resultados?

É uma campanha premiada em diversos países, ela teve mais de 20 prêmios internacionais e ocupa uma posição entre branding e ação social de colocar o nosso maior atleta de todos os tempos no dicionário, como um adjetivo/substantivo. No futuro, nas provas do Enem, ao invés de você falar aquele médico, aquele engenheiro, ele é excelente no que faz, a gente vai conseguir colocar “aquele é o Pelé da sua área”.

Tem também a campanha do Twitter do Palmeiras em uma ação social em que a gente conectou o clube com a ONG Mães da Sé, que cuida de mães em vulnerabilidade. Ela conseguiu proporcionar muito mais doações e a conscientização de que o Twitter pode fazer muita falta, mas um filho desaparecido faz muito mais.

A gente é detentor da maior venda de camisas colaborativas da América Latina. São quatro anos consecutivos vendendo para o Atlético Mineiro, o Manto da Massa, e esse ano a gente deve avançar nossa penetração em e-commerce, que é o caso do Manto da Massa.

Temos também a tecnologia com a plataforma para venda de sócio-torcedor, uso de avatar, inteligência artificial e os cases fomentam a nossa paixão por fazer cada vez mais. A gente não é uma empresa que trabalha para ter case ou prêmio, trabalhamos para gerar resultado e com isso pode se tornar um case e, consequentemente, um projeto premiado.

Então temos orgulho de ter muitos casos no Brasil e no exterior nesse pouco tempo de vida, são só sete anos. Sabemos que esse trabalho conjunto, que fazemos junto com os nossos clientes faz com que a gente tenha muito orgulho dos nossos entregáveis até aqui.

Na sua opinião, qual é atual importância da tecnologia para o mercado esportivo no momento?

A gente entende que a tecnologia é meio, não fim, ela facilita a democratização da conexão do torcedor com a sua paixão, seja ela um clube, o esporte em si ou um atleta. Estamos muito voltados a transformar a End to End, que já é uma empresa com cases consagrados em campanhas de marketing, em uma empresa de martech, entendemos que a tecnologia e marketing fazem um casamento perfeito e facilitam muito a vida desse nosso trabalho de engajar os fãs.

O que podemos esperar da End to End para os próximos 12 meses?

Temos uma cultura de nunca anunciar o que nós vamos fazer, sempre entregamos quando está pronto e é por isso que tem um charme. É comprovadamente melhor quando entregamos o projeto pronto.

O que eu posso dizer é que a End to End vai se transformar em uma empresa de martech, temos uma ambição de internacionalização de marca muito impregnada no nosso DNA. Vamos continuar crescendo, trazendo coisas novas e conectando o torcedor com a sua paixão, é isso que eu consigo prometer.