O mercado brasileiro costuma apresentar comportamentos peculiares diante dos desafios internos e externos nos campos político e econômico. Em um cenário pós-pandemia, sob forte polarização política e ameaça real da eclosão de conflitos globais relevantes, o que esperar do mercado de fusões e aquisições (M&A) no país?
Acreditamos haver elementos positivos que nos colocam em posição de gerar e atrair negócios. No passado recente houve iniciativas promissoras visando a desburocratização e facilitação do ambiente de negócios, como a Lei da Liberdade Econômica. Se o país é ainda inóspito ao empreendedor, há fatores que nos garantem uma posição de destaque e atratividade.
Seguimos sendo um país de ativos subavaliados, especialmente com a desvalorização do Real nos últimos anos. Contingências políticas e econômicas (além da pandemia) enfraqueceram o mercado de capitais no passado recente, enquanto agora – em que uma certa estabilidade se instaura – a perspectiva de valorização dos ativos pode se tornar o driver de um reaquecimento do M&A.
Por outro lado, o mercado de dívida tem estado forte e pode fomentar o M&A ao viabilizar a atividade de muitas empresas, contribuindo para sua saúde financeira e permitindo o interesse de investidores.
Há setores fortes no mercado nacional, como as energias renováveis, tecnologia da informação, agronegócio e saneamento. O exemplo do saneamento decorre do estabelecimento do marco legal em 2020 (Lei 14.026), que estipulou prazos e metas ambiciosas para a ampliação da cobertura de água e tratamento de esgotos no país, gerando oportunidades.
Em nosso painel, discutiremos como esses fatores se relacionam e abordaremos outras variáveis cuja influência é crescente e determinante para o M&A no Brasil. Abordaremos os elementos que diferenciam as transações ocorridas em nosso país e a forma como a inteligência artificial, as exigências em matéria de ESG e questões geopolíticas podem influenciar o setor no futuro próximo.
