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Disputas

Retrospectiva Comunicação e Gestão de Crise 2024: Ideal Axicom

No especial de fim de ano da Leaders League Brasil, Ricardo Cesar, CEO da Ideal Axicom, contribuiu com exclusividade para o Decisor Brasil, analisando o cenário de 2024 nas áreas de Comunicação e Gestão de Crise. O artigo destaca as principais tendências do ano, como o impacto da inteligência artificial, os desdobramentos de questões políticas, o papel das redes sociais, entre outros temas de relevância estratégica.

Balanço de 2024: Lições e Desafios para a Comunicação e Gestão de Crises

O ano de 2024 trouxe desafios significativos para a prática de Comunicação e Comunicação de Crises, consolidando tendências que já vinham ganhando força e apresentando novos fenômenos que transformaram profundamente o cenário. Para empresas, marcas e instituições, a gestão de crises tornou-se uma arena complexa, onde elementos políticos, avanços tecnológicos e a dinâmica das redes sociais estão cada vez mais interconectados. A seguir, exploramos os principais aprendizados deste ano.

Tudo (ou quase tudo) é política

Em 2024, ficou evidente que mesmo crises envolvendo empresas privadas são frequentemente lidas e amplificadas sob uma lente política. A polarização nas redes sociais intensificou-se, transformando debates corporativos ou de mercado em discussões ideológicas inflamadas. Desde o posicionamento de marcas em relação a temas sociais até decisões operacionais aparentemente neutras, quase tudo ganhou uma dimensão política.

Crises de imagem, assim, tornaram-se um campo de batalha entre opiniões polarizadas, onde grupos divergentes se apropriam das narrativas de acordo com suas crenças e interesses. Para profissionais de comunicação, isso significa que é preciso considerar o ambiente político e social ao criar estratégias, antecipar repercussões e mapear riscos.

A inteligência artificial: aliada e ameaça

O avanço da inteligência artificial generativa, um dos grandes marcos de 2024, trouxe tanto oportunidades quanto novos desafios para a gestão de crises. Por um lado, ferramentas de IA facilitaram o monitoramento de redes sociais, permitindo às marcas identificar clusters, medir sentimentos e responder com mais precisão. A automação reduziu o tempo de resposta e aumentou a eficiência, tornando a análise de dados em larga escala mais acessível.

Por outro lado, o uso de deepfakes e desinformação tornou-se mais comum, aumentando o potencial de danos à reputação. Marcas, empresas e até figuras públicas enfrentaram crises provocadas por falsificações digitais tão realistas que desafiaram a capacidade de resposta rápida. A presença da IA, portanto, não apenas acelerou processos, mas também aumentou a complexidade das crises, exigindo uma vigilância constante e protocolos claros para desmentir fake news.

Redes sociais: descentralização e velocidade

As redes sociais foram o principal palco das crises de imagem em 2024. O caráter descentralizado dessas plataformas torna as crises mais difíceis de controlar, já que elas não seguem mais um fluxo centralizado ou previsível. Informações e narrativas surgem e se espalham por diferentes redes, veículos e influenciadores, muitas vezes fora do alcance direto das empresas.

Diante disso, agir com velocidade tornou-se imperativo. Mapear clusters e identificar quem influencia a narrativa em cada contexto é crucial. Além disso, a comunicação precisa ser personalizada, utilizando a linguagem adequada a cada público. A escolha dos canais para disseminar mensagens institucionais mais importantes também foi um elemento-chave em crises bem geridas.

Embora não seja possível controlar tudo, é fundamental priorizar ações onde o impacto pode ser mais significativo. Essa descentralização exige, ainda, uma maior flexibilidade das equipes de comunicação, que precisam operar em tempo real para evitar a ampliação dos danos.

As lições que não mudam: transparência e coragem

Apesar dos avanços tecnológicos e das mudanças no comportamento das audiências, os princípios fundamentais da comunicação eficaz seguem válidos. Em 2024, as empresas que melhor navegaram por crises foram aquelas que adotaram uma postura transparente e proativa, abordando os problemas com coragem e abertura.

Reconhecer erros e detalhar medidas corretivas foram atitudes que trouxeram credibilidade e ajudaram a mitigar danos. O uso de dados concretos para sustentar posicionamentos e apontar caminhos futuros mostrou-se essencial para reconquistar a confiança do público. Esses princípios, muitas vezes vistos como “receitas antigas”, provaram-se mais atuais do que nunca.

Conclusão: Um olhar para o futuro

O ano de 2024 deixou claro que as crises de imagem serão cada vez mais rápidas, descentralizadas e influenciadas por tecnologia e debates polarizados. Nesse cenário, as marcas e empresas que estarão melhor preparadas serão aquelas que, além de reagir bem quando a crise surgir, construírem diariamente um “colchão” de reputação e credibilidade.

A força de uma marca durante uma crise dependerá não apenas da agilidade e da tecnologia empregada, mas também da percepção pública construída ao longo do tempo. O investimento em valores, transparência e conexão genuína com os públicos será o diferencial para manter relevância e confiança em um ambiente cada vez mais desafiador.