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'Todo CEO deveria abraçar o contraditório'

Pedro Hermeto é o managing partner do Vieira Rezende Advogados, ocupando a 34ª posição da lista Top Decisores: Managing Partner 2024. Confira a entrevista completa:

Quais as particularidades na gestão de um escritório com o perfil do Vieira Rezende?

O perfil do Vieira Rezende é muito humanizado. Prezamos e valorizamos nosso ambiente de trabalho, que é equilibrado e colaborativo. Nosso lema é people first e as equipes se complementam e se ajudam de modo a criar uma entidade única para atender a qualquer demanda dos nossos clientes. Costumo dizer que temos alma de brasileiro, de quem faz acontecer com um sorriso no rosto, independentemente dos desafios pelo caminho. Mas essa característica positiva acaba estabelecendo um desafio de gestão. Acomodar diferentes visões e interesses requer maleabilidade, tanto para compreender e aceitar o pensamento divergente, quanto para manter o escritório dentro de uma rota pré-determinada.

‌Nós temos um processo decisivo bastante democrático, que busca a participação genuína de todos os sócios, mesmo os que não estão diretamente ligados à governança do escritório. A minha função aqui é entender, abraçar e manejar os diferentes anseios.

‌Sob um ponto de vista bastante pessoal, todo CEO deveria abraçar o contraditório. Talvez esta seja a minha característica mais forte. Eu gosto de ser questionado. A contradição, o feedback ou embates de qualquer ordem nos tiram da zona de conforto e nos permitem pensar diferente, encontrar alternativas e, em última análise, ser melhores.

 

Quais os principais pontos de atenção em operações de M&A atualmente?

Um primeiro ponto é a complexidade das due diligence no Brasil, principalmente nos últimos anos, por questões de governança, compliance e aplicação da Lei Geral de Proteção de Dado Pessoais (LGPD). É um processo extremamente detalhado e complexo, e de suma importância quando se trata de uma transação de fusão e aquisição.

‌Também destaco as discussões sobre estruturas para garantir contingências após o fechamento de uma operação, tais como Escrow Account e seguros, e sobre novas estruturas de financiamentos para aquisições.

‌Por fim, cito os impactos futuros para as empresas em decorrência das recentes Reformas Tributárias no Brasil. Um ponto de atenção para brasileiros e, principalmente estrangeiros que tenham negócios ou estejam de olho no mercado brasileiro.

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Quais os principais desafios da advocacia atualmente?

Não tenho dúvidas de que um grande desafio é compreender as novas gerações, seus anseios e buscar formas de atrair e reter talentos, que estão constantemente buscando um próximo passo, um novo desafio e que não acreditam em firmar raízes em um só lugar. Preciso abraçar e compreender essa inquietude, bem como as suas frustrações e desejos, para que tenhamos sempre os melhores talentos conosco.

‌Outra questão é o avanço da Inteligência Artificial (IA), que nos impõe a tarefa de avaliar todos os nossos processos e as melhores ferramentas para entregar um trabalho com mais qualidade e em menos tempo. Ainda que desafiador, este é um momento interessante para ocupar posições de liderança. Ao contrário da onda de temor que paira pelo ar, não acredito, em absoluto, que a IA substituirá a inteligência humana, apesar de já estar transformando o modo como trabalhamos. Vejo um processo de adaptação que nos permitirá tornar o trabalho e as posições dentro das nossas organizações cada vez mais fluidas. Enquanto a tecnologia opera seus “milagres”, poderemos focar em construir equipes verdadeiramente multidisciplinares, que funcionem como organismos colaborativos, independentemente de setores. O que vai contar são as fortalezas de cada indivíduo dentro do contexto das sociedades.

‌Por fim, outro grande desafio que vem a reboque disso tudo é a crescente concorrência, que deixa o mercado cada vez mais competitivo e “comoditizado”. Hard skills já não são mais diferenciais para nenhum escritório e nosso mercado precisa estar atento a isso. Ainda assim, vejo esse obstáculo como uma alavanca para um escritório como o Vieira Rezende, que valoriza as pessoas e o relacionamento interpessoal em detrimento da automatização na entrega do serviço. O cliente se sente próximo de nós e à vontade para nos ligar e conversar – e nós encorajamos esse comportamento -, visto que o aspecto humano é muito relevante.

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E o que podemos esperar do Vieira Rezende em termos de inovação nos próximos períodos?

Quando se fala em inovação, invariavelmente nos sentimos obrigados a falar em tecnologia. No entanto, acredito que inovar é pensar e fazer diferente tendo em vista a busca pela melhoria contínua. Tecnologia é meio e não fim. Dentre as várias soluções que a tecnologia nos propõe, buscamos encontrar as mais úteis para o nosso cenário e momento. Temos investido em ferramentas que nos permitam compreender melhor o nosso negócio e que nos tragam maior eficiência operacional – algo que pretendemos ver refletido tanto na qualidade das nossas entregas quanto no aumento exponencial da nossa receita. Vimos investindo nos últimos anos na construção de áreas corporativas extremamente qualificadas, trazendo profissionais experientes e oferecendo aprimoramento aos que já estavam conosco, tendo em vista um suporte de alto-nível às equipes do corpo jurídico. Os times corporativos e jurídico precisam trabalhar em uníssono não apenas no discurso.

 

Veja também:

Top Decisores: Managing Partners 2024: Parte 1

Top Decisores: Managing Partners 2024: Parte 2

Top Decisores: Managing Partners 2024: Parte 3

Top Decisores: Managing Partners 2024: Parte 4

Top Decisores: Managing Partners 2024: Parte final